Hoje, dia 21, era pra eu estar voltando de uma viagem à Chapada Diamantina, cheia de histórias pra contar, paisagens alucinantes, fotos perfeitas e uma imersão no autoconhecimento e superação. Era, do verbo não fui. Hoje também era pra eu ter dormido cedo ontem e acordado cedo hoje e ter escrito essa news sobre algum tema que eu penso durante os dias. Era, do verbo não anotei nenhum.
Também era pra eu ter virado o ano planejada, com algum emprego em vista, com freelas engatilhados, com planos definidos e iniciados. Era, do verbo nem lista eu fiz. Ainda era pra eu estar com uma mochila pronta pra um fim de semana em alguma praia perto tal qual havia prometido a mim mesma que faria mais, que aproveitaria mais morar onde moro, que deixaria celular e computador de lado pelo menos por dois dias. Era, do verbo não vou mais.
Era pra eu ter negado aquela proposta que sabia que era furada, pra ter focado nos meus projetos inexistentes e pra ter deixado de lado o desespero do amanhã. Era, do verbo topei a furada.
Era pra eu ter dado o remédio da gata, pra eu ter feito aquele post que penso há meses, era pra ter escrito mais, era pra ter começado aquilo lá, era pra ter dito aquele negócio, era pra ter ficado calada, era pra ter deixado passar, era pra não ter engolido sapo, era pra ter agoado as plantas, era pra ter mandado aquela mensagem, era pra não ter mandado aquela mensagem, era pra ter bebido mais água, pra ter passado o creme, pra ter hidratado o cabelo, pra ter escrito no diário, pra ter ido dormir. Era, do verbo não.
E era pra ter Luz. Do verbo, não tenho. Ao menos não no sobrenome. E foi daí que nasceu o nome dessa news - que hoje inaugura um novo topo ilustrado exclusivamente pela artista Ju Chooo.
Era pra ter Luz pq era pra eu ser Gabi Luz Dourado. Ou Gabriela Luz Sampaio Silva Dourado. Mas não sou. Sou Gabriela Sampaio Dourado. Ou Gabi Dourado. Ou Gables. Ou só Gabi. Nunca só Gabriela. Nem Gaby.
Era pra ter Luz pq eu só consigo pensar o quão bonito é Luz ser sobrenome de alguém. E é, da família da minha mãe no interior do interior do Ceará. Aquela que é toda torta, mas que eu posso chegar com cabelo rosa, tatuagem, roupa esquisita e o que mais me personifica externamente que eles só enxergam a Gabi - ou talvez só vejam a Luz.
Era pra ter Luz mas não tem por uma promessa que fizeram pra outro pagar. Nessa, meu irmão ganhou um nome a mais - e perdeu o Luz pra não ficar grande demais. E talvez seja verdade que quem carregue Luz consigo fique grande demais. E eu perdi também. Fiquei no Era, do verbo não tenho. Mas ainda acho que sou grande demais.
Era pra ter Luz pq minha primeira tatuagem foi Luz abaixo da nuca. Que quase foi um ideograma japonês, por motivos de moda da época, até um amigo sugerir que tatuasse em português mesmo. Acatei e hoje agradeço a sugestão. Porém, quando mostrei ao meu pai, ele perguntou quem era Luiz.
Era pra ter Luz pq se tivesse uma filha seria Nina Luz. Se fosse um filho não sei o nome. Mas não terei, nem filho nem filha. Então era, do verbo não vai ser.
Era pra ter Luz é isso, uma epifania de um sobrenome que quase tive, cuja procedência é da família materna - dizem de Freud explicar essas coisas de tudo ser culpa da mãe. Taquei logo no topo do projeto autoral e no nome do Mei. Que eu tô aqui tentando fazer com que ele me explique. Só sei que eu Era pra ter Luz - e tô procurando até acreditar que tenho.
Quase todo dia penso em desistir disso aqui, por tudo que penso que deveria ser e não é. E me cobrando por tudo que era pra eu ter sido e (ainda) não sou. Daí saiu num suspiro o texto de hoje. Pra tentar desapegar desse grude com o era - que virou até o título das minhas coisas - e passar a aceitar o que é.
Não tá fácil nem pra Paes Leme
Dia desses twittei que queria ter a vida da Fernanda Paes Leme. Porém eu tava falando de viver em Fernando de Noronha, ter amigos famosos e influentes e apresentar um programa de desapegos. Porém, aparentemente, eu já tenho a vida dela:
Fernanda, mulher, corre aqui e vamos ser amigas.
Tudo que é roxinho é de clicar
Lembram do filme Eduardo e Mônica que comentei nessa news aqui? Estreou (finalmente) no cinema nacional ontem.
Eu de fato era pra ter ido pra Chapada Diamantina, porém peguei Covid e cancelei tudo. Mas, se tem alguém planejando ir, ia fazer a trilha do Vale do Pati com o
Nativos do Vale
. Agora fico só acompanhando pelo insta mesmo.Programa online de jornalismo sobre desigualdades sociais está com vagas abertas - colocando aqui pra eu me lembrar de me inscrever.
Tenho escutado essa playlist para os momentos de relaxamento entre mim e meu bullet e olha… recomendo.
A pobreza de tempo das mulheres, na Quatro Cinco Um
Lorena Portela destrinchou a reflexão de que o filme “A Filha Perdida” não existiria com um protagonista homem - uma vez que o roteiro “homem deixa filhos com a mãe e vai viver a vida que gostaria” é apenas banal.
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Vi o post no Instagram e quis assinar a newsletter, que nem sabia que existia. Não sabia, agora sei.
Esse texto é o tipo de coisa que eu tava querendo ler, mas não sabia exatamente o que era. Não sabia, agora sei. E agora que sei, queria ler um livro todinha de palavras suas.
Nossa, só li agora e estou em choque com esse texto. Li na hora certa. Vivo me sentindo um amontoado de "era pra ter sido..." do verbo não foi, não deu pra ser, mais uma vez, foi quase. Faltou tempo, faltou oportunidade, faltou vontade algumas vezes, faltou saber como fazer também, enfim... Eu te vejo como uma pessoa que fez e faz e é sim muita coisa e mesmo assim o era pra ter ainda tá aí dentro de ti... Será que tem um jeito da gente sentir que foi, que deu pra ser, que somos e fomos suficientes? Só agradeço o teu partilhar e te peço que siga partilhando! Grata!