Faz tempo não tenho notícias suas. Tenho perguntado pra muita gente, até. O que será que aconteceu? Não é de hoje que sua caixa de e-mails recebe, diariamente, inscrições de quem quer notícias suas mesmo você não dando notícia nenhuma. Aliás, isso que você está chamando de notícia num vício horroroso de quem é jornalista e tudo transforma em pauta na verdade é aquele seu lugar em que você não precisa ter camadas e camadas de outras personalidades criadas pra sobreviver entre quem diz se importar com você mas na real só quer sugar um pouco da sua energia e carisma. Pq você abandonou logo esse lugar? Parecia tão quentinho e confortável…
É só sentar e escrever, me disseram que isso você sabe fazer. Talvez, penso aqui comigo, você só esteja se escondendo de quem você descobriu que te lê por aqui e segue achando que escritor nenhum deveria saber quem o lê, já que só agora você descobriu que pode contar a própria história e não somente reproduzir a dos outros, mas não queria que quem causou esses sentimentos em você soubesse da parcela de responsabilidade que os cabe - muito menos te acessasse e perguntasse sobre aquilo que você escreveu.
Nem é por falta de tempo, imagino, já que você gasta horas incontáveis subindo e descendo scrolls e timelines preenchendo de nada o vazio em que se transformou a sua cabeça e fica passeando entre uma e outra rede perdendo muito mais tempo buscando como publicar naquilo ali do que em preencher o seu próprio dia com algo de útil - ou tão inútil, mas que pelo menos descansa. Aposto que você tem tempo livre, pois se não tivesse não ficaria gastando sentindo inveja do recorte da vida dos outros que está naquela rede por ali, achando que são melhores, mais criativos, mais organizados, mais geniais, mais qualquer outro adjetivo positivo do que você até pq se você não gastasse tanto tempo olhando pra vida alheia talvez a sua também estivesse melhorzinha, né? Mas é só o que eu acho.
Mas me conta, pq você sumiu? Aqueles seus encontros analíticos não estão mais evoluindo pq você acha que não tem mais nada de interessante pra falar no divã, mesmo quando aquele lugar ali não é pra ser interessante e na verdade é pra falar um sem número de bobagens e a partir dali encontrar o que verdadeiramente faz parte da sua vida? Será que é pq você ignora o que de fato importante pra você pq sente que aquilo parece pouco relevante para uma sessão de análise para a qual, inclusive, você dedica boa parte dos seus parcos proventos e em vez de se mostrar quem realmente é também inventa uma nova personagem que tem sempre algo muito interessante pra compartilhar e faz ligações geniais entre pensamentos? Imagino que deva ser difícil escrever depois desses encontros que você boicota e nem anota mais nada pq se livrou de uma questão que tomava conta das suas crises e, agora com ela resolvida, não tem mais um drama pra chamar de seu e com ele esconder todas as outras camadas da sua personalidade que poderiam e deveriam ser analisadas. Meio ruim mesmo se livrar daquele calo que incomodava, porém tomava conta do foco de reclamações e ajudava a mascarar outras dores. Tem calo que a gente se apega mesmo e não queria nunca deixar de cultivar.
Sumida, né. Não te vejo mais por aqui. Será que você também tem se assustado com a repercussão de algo que você mesma criou e toma conta e precisa produzir em vez de só corresponder à ordens e resolveu boicotar inconscientemente (ou talvez não tão inconsciente assim) pra não ter responsabilidade sobre ele e nem conquistar aquilo que você gostaria mas na real morre de medo e finge que não liga?
Tenho achado você sumida, mesmo sabendo que não dá pra verdadeiramente sumir de lugar nenhum quando esse lugar que você tem vontade de desaparecer é a sua própria cabeça e acha que deixar de cultivar esse lugar que diz tanto sobre você é como sumir de si mesma. O que não adianta de nada já que sua mente continua te acompanhando com pensamentos em forma de texto com letras dançantes num passo totalmente descompensado e sem ritmo que parecem até ter a mesma dificuldade de arrumar um par que você tem quando resolve aparecer em um forró com essa sua cara de roqueira.
Some não, mulher, que todo dia tu vai se encontrar.
Esse texto, acredito, seja autoexplicativo do tanto de tempo sem aparecer por aqui. Inclusive, talvez precise reforçar: a pontuação caótica é proposital. Funciona tal qual o ritmo dos meus pensamentos.
Tudo que é roxo é pra clicar
Andam dizendo por aí que quarta é o novo sábado e que deveríamos quebrar a nossa semana dando um susto nela com requintes de diversão. Faz sentido, já que não existe mais fim de semana e nem a gente se diverte de verdade, né? Todo mundo cansado, acabado, liso, estressado, ansioso, endividado bora então no meio da semana fingir que vai dar tudo certo.
Receita de cream cheese vegano pra quem, assim como eu, não é vegano mas sim intolerante à lactose o que o transforma em um vegano compulsório que até comeria carne se não vivesse no Brasil
Se você for de Fortaleza,
seme faz um favor e visita duas exposições gratuitas que abriram/reabriram: o Bestiário Nordestino, no Dragão do Mar, e a exposição imersiva de Batman Zavareze no Museu da Imagem e do Som.Talvez você esteja ouvindo muito falar sobre uma tal mulher de uma casa abandonada em São Paulo. É um podcast da Folha apresentado e produzido pelo Chico Fellitti. Talvez você deva ouvir.
Eu queria estar em São Paulo para ver Claudia Abreu vivendo Virginia Wolf.
Li esses dias…
“O ano do pensamento mágico”, de Joan Didion, narra o luto da escritora ao perder o marido inesperadamente e, ao mesmo tempo, enfrentar uma doença da filha. É um relato tão, tão real entre as negações, os fluxos de pensamento, os questionamentos e o rumo da vida diante do inevitável que me abraçou muito (mesmo eu não sendo alguém de dores profundas em perdas - mas que tem sentido dificuldade com as mudanças de trajetória dos planos da vida).
Uma foto bonita…
…do meu atual lugar de trabalho porém ainda não trabalho lá pois tá em finalização de obra. Mas é meu atual lugar de trabalho. Só não é. Mas é.
Esse livro da Didion foi dos meus favoritos do ano, até agora. Me fez querer saber mais dela e vi um documentário sobre no Netflix, lindo.
Gabi mulher, as veis parece que tu mora dentro da minha cabeça hahaha. Dá vontade de compartilhar todas as frases no stories, pena que eu desativei meu instagram jurando que seria mais produtiva