Estava vendo o vídeo da Tamara Klink ao fim da expedição que ela fez sozinha velejando pelo Atlântico a bordo da fiel escudeira. Já viu? Bom, nele ela fala sobre a experiência e carrega um monte de significados e aprendizados por conta da viagem.
eu me peguei a essa aqui:
“Quando eu parti, não dava mais pra despartir”.
Veja bem, a velejadora conseguiu condensar acho que todos os medos em uma só constatação. O medo do começar, o medo do não poder voltar, o medo do que o que vou fazer agora, o medo do pra que diabos eu fui inventar isso, o medo do há poucos minutos tava tudo certo, o medo do agora eu vou ter ir, o medo do agora não dá mais pra desistir pq já contei pra todo mundo e já tô começando esse negócio vai ficar ridículo se eu disser que não vou mais será que dá tempo de inventar uma dor de barriga.
Tem um outro medo ao qual eu sou mais apegada por, às vezes, funcionar quase como um recurso narrativo (se bem administrado - aí mora o problema). É o “e se”.
Uma amiga tem uma frase fantástica cada vez que me sinto presa a esse pensamento que é “se eu tivesse 8 peitos eu era uma porca”. Gênia. Isso porque o ‘e se’ pode ser paralisante e, na real, não costuma funcionar de muita coisa. Mas, tal hora gosto de pensar nos ‘e ses’ da vida até pra poder decidir qual deles irei escolher. É, ué, toda escolha também é desistir de outra. O ‘e se’ é infinito.
Resolvi listar meus ‘e ses’ mais recorrentes:
E se eu não tivesse começado a trabalhar na noite, com 19 anos, na balada que eu ia regularmente? Será que teria sido melhor ou pior pra minha juventude? Eu iria beber mais ou iria beber menos?
E se eu não tivesse namorado por tanto tempo? Será que teria conhecido outra pessoa e também já me juntado? Ou teria sido uma grande solteirona pegando geral por aí? Quais caminhos eu teria seguido? Teria passado mais tempo na casa da mãe ou ido em busca de morar só logo?
E se eu tivesse ido embora pros Estados Unidos feito doida junto com uma amiga no meio da faculdade, com uma mochila nas costas? Ou tivesse ido pra São Paulo com a outra amiga que convidou anos atrás? Que vida eu teria hoje? Quais relações eu teria construído? Eu teria aguentado ou pedido arrego?
E se eu tivesse começado análise antes? Quais decisões eu teria tomado? Teria me separado, pedido demissão ou feito qualquer outra coisa antes? Ou teria ficado ainda mais?
E se eu tivesse dito? E se eu não tivesse calado? E se eu tivesse calado? E se eu não tivesse ido? E se eu tivesse ido?
E se eu tivesse dado outro direcionamento pra minha carreira? Seria mais bem sucedida? Ou teria desistido da profissão? Teria mais ou menos tranquilidade?
E, claro, e se eu não tivesse pedido demissão? O que eu estaria fazendo agora? Como teriam sido esses últimos meses?
E se, ah meu amor, e se eu não tivesse dito sim pra uma paixão arrebatadora com poucos meses de um divórcio? Onde eu estaria?
Um ponto importante é que penso nesses ‘ses’ que recorrem a partir de tomadas de decisão e não de algo inerente em mim como: e se eu tivesse outro corpo ou se eu tivesse outra personalidade. Nesses não me apego porque a imaginação se limita e menospreza a que sou hoje. Ou seja, é menos divertido.
Tudo porque estou, mais uma vez, envolta em ses. E são eles que tem me feito andar pra frente, nesse instante. Pois, o e se eu estivesse na mesma vida de pouco tempo atrás ou o e se a vida pra frente for só isso aqui de agora, eu não estou disposta. Então, por hora, só me resta, mais uma vez, mudar.
E se eu fizesse uma viagem sozinha pelo Atlântico?
Confesso que joguei “quantas tetas tem uma porca” no Google
Aqueles links maneiros
Um passeio pelo insta da Tamara Klink, que gerou o insight da News de hoje, vale cada segundo. Espero que vire um filme.
Falando em filme, Vocês viram que estreou Marighella, né? E que Wagner Moura deu entrevista no Roda Viva sobre? Pois assistam.
Esse beijo que é uma obra de arte em movimento. Literalmente.
O livro “A Pediatra”, de Andrea Del Fuego, vai virar filme. Li essa semana, em dois dias, e terminei apaixonada pela controversa protagonista, uma pediatra que não gosta de crianças e um ser totalmente… humano. Queria muito poder tomar uma cerveja com ela e ouvir suas histórias incorretas.
A Jarid Arraes falando para a Elle sobre Piripaque aflitivo corônico
Uma frase motivacional
“Não existe ‘hora certa’, só existe a hora e o que você escolhe fazer com ela”
Uma frase foda
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